sábado, 30 de maio de 2009

A HISTÓRIA DO ESPAÇO HÍPICA GOURMET DA SHC - 4ª PARTE

O PRIMEIRO EVENTO DO ESPAÇO HÍPICA GOURMET
O primeiro grande evento do Espaço Hípica Gourmet da Sociedade Hípica de Campinas ocorreu no dia 19 de maio de 2004. Como eu disse anteriormente, eu o Quinho Mais não íamos desistir nunca. Com a colaboração das competentes Antonieta e Beth do Departamento Social, do amigo e Colunista Social do Correio Popular Almir Reis, da Assessora de Impressa Vera Marcelino, de alguns diretores do clube e dos nossos patrocinadores da época (GE e Pastifício Selmi), para não ser injusto com ninguém, promovemos o que acabou se tornando um dos maiores sucessos do Clube: as aulas show do Espaço Hípica Gourmet, que infelizmente hoje foram substituídas por jantares oferecidos por alguns funcionários de restaurantes da cidade, as vezes até por fast food. Realmente lamentável ter sido permitido a entrada de estranhos em detrimento da participação dos sócios gourmet. Em breve contarei a história dos chamados "Grandes Chefs de Campinas", é só aguardar um pouco que chego lá.
O Primeiro Convite

O Incentivadores

O Primeiro Cozinheiro (EU)

A Primeira Receita Executada no Espaço Hípica Gourmet

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A ARTE DE SERVIR BEM

Não adianta em nada se esmerar na cozinha para preparar um prato perfeito, ou melhor, uma obra gastronômica, se depois, na hora de apresentá-la, o serviço não estiver perfeito. Mesmo que o cardápio do dia, ou de qualquer hora, seja um simples, mas não menos saboroso, pão com mortadela e refresco de frutas, o serviço tem que ser excelente. A arte de por a mesa é um reflexo do modo de vida das pessoas, dos utensílios existentes, dos modismos e dos hábitos alimentares ao longo de toda a história. A arte de fazer comida também está relacionada com arte do serviço. Na Grécia e Roma antigas, os alimentos eram preparados em pequenas quantidades, sempre reduzidos a purê e a croquete devido à posição com que gregos e romanos comiam: deitados de lado e apoiados sobre o cotovelo. Na maioria dos países asiáticos se come com palitos, o Hashi, enquanto que em países árabes como o Marrocos, a mão ainda é o principal utensílio para levar o alimento à boca. Na história do ocidente, o aparecimento dos pratos e talheres como se usa hoje se deu há três séculos. No início do século XVII o garfo tinha apenas dois dentes e o copo começava a substituir uma espécie de garrafa de metal onde se bebia principalmente o vinho. Já nos idos de 1700 a prataria para os serviços de luxo foi criada. O garfo passou a ter quatro dentes enquanto que a faca ainda nem existia. Depois de todos os modismos com relação ao formato e decoração dos pratos, com seus desenhos, bordas e tamanhos inspirados nos estilos arquitetônicos existentes, apareceu no início do século XX os pratos de formas mais simples e os talheres como os conhecemos hoje. Atualmente, num serviço à francesa, por exemplo, a mesa é preparada com antecedência e tudo de direito, ou seja, sousplats, prato para pão e para todas as etapas da refeição, talheres adequados, guardanapos, copos, taças, etc...etc. Devem ser previstos com antecedência os lugares de cada convidado. A etiqueta tradicional manda acomodar o convidado de honra ao lado dos anfitriões que devem estar nas cabeceiras da mesa, procurando-se então intercalar homens e mulheres. É claro que essa convenção é clássica e hoje se costuma distribuir os lugares com mais informalidade. Alguns, como eu por exemplo, gostam de colocar seus convidados especiais na cabeceira da mesa, como uma forma de homenageá-los. Tanto isso é verdade que, salvo raríssimas exceções, os escritores e editores de gastronomia não se importam muito com o tema, mas apenas com a elaboração e apresentação de suas obras de arte, que infelizmente, na maioria das vezes, perdem o brilho, por não ter tido um serviço a altura da criação. E ainda falando neste tipo de serviço, os pratos devem ser levados à mesa já prontos e a refeição deve constar no mínimo de uma entrada, um prato principal e uma sobremesa. É o serviço ideal para as refeições especiais e bem elaboradas. Eu, particularmente preparo a mesa para um jantar francês como manda a etiqueta clássica, com velas e flores inclusive. Todavia sempre deixo o ambiente bem iluminado, pois faço questão que os meus convidados apreciem a apresentação de cada prato. Por outro lado, num serviço à americana tudo é bastante informal. Dispomos sobre uma mesa pratos, talheres, copos, guardanapos, balde com gelo e cesta de pão. Ao lado os pratos quentes e frios e a sobremesa. Se a opção for por preparar peças inteiras de carne, é melhor já deixá-las cortada para facilitar o trabalho de servir. Isso também vale para alguns bolos e tortas. Esse serviço é ideal para grandes reuniões e para proporcionar ambientes descontraídos. Por derradeiro, no que eu e muitas pessoas chamamos de “serviço à brasileira” todos se sentam à mesa e a comida é servida em travessas e terrinas das quais cada um se serve. É o serviço mais informal, prático e confortável que existe. Porém, hoje em dia é chique você preparar sua mesa com muita criatividade. É liberado o uso de cores vivas, pratos e cristais de tamanhos, formas e cores diferentes, artigos mais rústicos ao lado peças bem modernas, enfim, o bom gosto é o seu gosto, a sua arte, contanto que a mesa esteja aconchegante e a comida bem gostosa. A mesa é o lugar da reunião, dos papos do momento, das história e estórias contadas, das trocas afetuosas, dos silêncios e das risadas e, principalmente do prazer de degustar e compartilhar a boa companhia.

Brincando de chef

terça-feira, 26 de maio de 2009

Pensamento Gastronômico

"Gastronomia é comer olhando para o céu"
Millor Fernandes

FESTIVAL GASTRONÔMICO DE CAMPINAS 2009

Está programado para ser realizado em Campinas, nos dias 31 de julho, 1, 2 e 3 de agosto e nos dias 6, 7, 8 e 9 de agosto, o FESTIVAL GASTRONÔMICO DE CAMPINAS 2009 - Ano da França no Brasil. O festival é uma iniciativa do Comtur - Conselho Municipal de Turismo, da Secretaria de Comércio, Indústria, Serviço e Turismo de Campinas e do Campinas e Região Convention & Visitors Bureau. Como estou participando das reuniões em breve trarei maiores informoções sobre o evento que promete aguçar o paladar dos gourmets da cidade e região.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pensamento Gastronômico

"Não há amor mais sincero do que o amor pela comida"
George Bernard Shaw, escritor irlandês
* 1856 + 1950

domingo, 24 de maio de 2009

HISTÓRIAS DO HÍPICA GOURMET - 3ª PARTE

O PRIMEIRO (QUASE) GRANDE EVENTO
Inaugurado o Espaço Hípica Gourmet, passamos a pensar em eventos que poderiam alavancar o local. A princípio a idéia era apenas locar o espaço para que os sócios, seus familiares e amigos pudessem realizar suas festas e reuniões festivas, tendo como ponto principal a gastronomia.
Fizemos uma publicação na agenda mensal a fim de atrair o associado gourmet, mas não tivemos muita receptividade, ou melhor nenhuma. Clube tradicional funciona assim, as coisas só "pegam" depois de muito blá blá blá.....
Mas nunca fomos dirigentes de fácil desistência. Foi então que sugeri ao Presidente Raul e ao Quinho Mais, que fizéssemos aulas show, pois eu tinha vasta experiência neste campo. Como convidado especial do Shopping Parque D. Pedro, eu já fazia esse tipo de apresentação com grande sucesso de público.

Então a comissão sugeriu que eu fizesse o primeiro evento. Abrimos as inscrições, publicamos na agenda mensal, colocamos faixas pelo clube e até uma nota na coluna do Almir Reis. Resultado final: Cinco inscrições para o evento, sendo que quaro eram minha e do Quinho..(muitos risos).

Obviamente não desanimamos e acabamos levando na esporiva. Descobrimos então que o caminho seria bem mais árduo do que imaginávamos. Partimos então para o plano B. Dessa vez muito mais agressivos. Depois eu conto como foi....

sexta-feira, 22 de maio de 2009

OS DELICIOSOS COGUMELOS

Iguaria das principais cozinhas do mundo, os cogumelos fascinam pela diversidade de sabores e aromas. O cogumelo de Paris, mais conhecido como champignon, ganhou as mesas brasileiras quando um prato de origem russa, o estrogonofe, caiu no gosto popular. Desde então, o alimento ganhou participação em outras receitas. Mas há pessoas que não se contentam só com isso e vão além. No mundo, existem cerca de cinco mil tipos de cogumelos bons para consumo. Apesar do número expressivo, o Brasil tem um mercado incipiente e, por isso, cultiva apenas espécies como o shitake, o shimeji, o pleurotus e o champignon. Mas é possível encontrar importados (congelados, secos ou em conserva) como o girolle, o morille, o portobello, o funghi porcini e até a cobiçada e rara trufa. Grande parte vem de países como a França, a Itália e os Estados Unidos. A palavra cogumelo é usada para descrever toda a família de fungos comestíveis, presentes em todo o planeta, em todos os tamanhos e cores. Dela fazem parte três tipos: os comuns, que são brancos e cultivados (champignon, por exemplo); os exóticos cultivados, como o shitake e o pleurotus; e os fungos selvagens, como girolle (aquele do filme Ratatouille, hehe) e as trufas. O champignon é a espécie mais consumida no Brasil e é muito usado em molhos para carnes, peixes e ovos, refogados e saladas. Já o shitake, também conhecido como cogumelo oriental, ocupa o segundo lugar. O plerotus (também conhecido como caetetuba, ostra ou salmão) tem gosto forte e é encontrado nas cores cinza, branco, marrom e rosa. Geralmente, é usado cortado em tiras. Depois, pode ser frito, assado, gratinado ou servido em molhos. Já o shimeji, um pleurotus cultivado de forma diferente, tem sabor mais suave, é menos fibroso e tem tamanho pequeno. É excelente para acompanhar peixes e frutos do mar. Existe uma outra categoria de cogumelos que precisa de todo um preparo antes de ser consumida. Funghi secchi (fungos secos) é o nome que se dá aos cogumelos desigratados. Para prepará-los, é preciso que sejam antes reidratados por uma hora. Desse grupo, um dos mais comuns é o funghi porcini secchi, conhecido assim na Itália. Na França, ele ganha outro nome: cépe de bordeau. O morille (também conhecido como fungão) é sempre importado. Neste caso, não o julgue pela aparência (seu chapéu é cheio de furos). Tirando a primeira impressão, o que fica é a sensação saborosa que deixa no paladar. Em geral, ele acompanha molhos cremosos, mas também fica ótimo com frango ou sozinho, quando frito. Os girolles franceses (ou cantarelos), com sua cor amarela e forma de funil de bordas onduladas, também possuem sabor e fragrâncias bem acentuados. São servidos com ovos ou em molhos.
A menina-dos-olhos dos chefs
Na família dos cogumelos, o primo rico é a trufa. Seu perfume é diferente de tudo o que se pode imaginar. Se eu pudesse, meus pratos incluiriam essa iguaria sempre. Todavia, são poucos os chefs que se aventuraram a incluir trufas, que podem ser pretas ou brancas, em seu cardápio. Um quilo de trufas brancas pode alcançar US$ 1,7 mil. Elas têm sabor e aroma mais acentuados que as preta e devem ser consumidas até oito dias após a colheita. Cobiçadas por chefs de cozinha e vendedores (que lutam entre si para conseguir as melhores), as trufas crescem sob o solo, junto às raízes de carvalhos na França, Itália, Espanha e em algumas partes da Europa Oriental. Para colhê-las, é preciso usar cães ou porcos treinados. Como só crescem espontaneamente, são muito procuradas e têm longevidade curta, tornaram-se extremamente caras. Felizmente, uma só fatia é capaz de perfumar a receita inteira. O aroma é um misto de terra molhada e gás. Mas antes que se espante com essa definição, leia algo de quem realmente entende do assunto: "O sabor é indescritível e conquista qualquer um", diz Volmar Zocche, chef do badalado Zocche Ristorante, em São Paulo - considerado um dos mais fervorosos divulgadores de cogumelos no Brasil. A seguir uma receitinha básica com cogumelos:
OVOS MEXIDOS COM COGUMELOS E TRUFA
Ingredientes:
•1 xícara de cogumelos de sua preferência•2 ovos por pessoa•1 trufa •1 dente de alho•½ cebola•creme de leite Modo de Preparo:
Pique os cogumelos em pedaços pequenos.Rale a trufa e pique bem a cebola Reserve. Bata os ovos ligeiramente evitando que as gemas e as claras se misturem completamente.Em uma frigideira com um pouco de azeite refogue os cogumelos e os alhos.Quando os cogumelos estiverem dourados, adicione os ovos e mexa em fogo baixo. Antes dos ovos coalharem, adicione um pouco de creme de leite com a trufa e a cebola.
Bom Apetite!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

A HISTÓRIA DO ESPAÇO HÍPICA GOURMET DA SHC - 2ª PARTE

Depois da criação da comissão instaladora, passamos a transformar a antiga serraria do clube no tão sonhado Espaço Gourmet. O arquiteto Celso Primi desenhou o interior. O Saulo Duarte agilizou os armários. E a GE, por apresentação do então Diretor do Pastifício Selmi, o Sr. Herrmann, forneceu os demais equipamentos (fogão, geladeria, forno, máquina de lavar louça).
A Revista Hípica Gourmet

Sem dúvida alguma, a edição do primeiro e até hoje o único número da Revista Hípica Gourmet foi um acontecimento histórico no clube. Receituário de altíssima qualidade, elaborado por sócios do clube (chefs e gourmets). Participaram desta edição com receitas fantásticas os seguintes sócios da Hípica:

1. Marco Baracat; 2. Pedro Porto; 3. Caio Plínio Aguiar Alves de Lima; 4. Cláudio Levi Bragante; 5. Alfredo Vieira Alves Filho; 6. José Roberto Nogueira Dias Filho; 7. Ricardo Cleto Giugni; 8. Avilmar Washington Martins; 9. Francisco Artur de Queiróz Mais; 10. Neyde Aparecida Galhiasse Monteiro da Silva; 11. Celso Primi; 12. Maurício Lopes Fernandez Olmos; 13.Rodolfo Chinellato Marinelli; 14. Emílio Fernandez Olmos; 15. Raquel Hermann Delamain; 16.Bertha Siqueira Bernardi; 17. Zsuzsanna Dobré; e 18. Marina Regis Caviccholi.
A revista foi patrocinada pelo Pastifício Selmi e pela GE Eletrodomésticos. Teve uma tiragem de 5 mil exemplares e foi distribuida entre todos os sócios titulares do clube. Muitas revistas até hoje circulam por consultorios, escritórios, salões e estabelecimentos comerciais diversos.

Depois deste evento a Comissão Instaladora do Espaço Hípica Gourmet ficou reduzida a mim, o Quinho Mais e o Presidente Raul Penteado. Várias noites passamos em branco redigindo estatutos, regulamentos, normatizações, quotações de preço, etc....etc....Enfim o Espaço Hípica Gourmet estava prontinho para ser usado exclusivamente pelos sócios. Que saudade desta época em que o Espaço era do sócio do clube.

Mas não ficamos por aí. No intuito de divulgar o Espaço, programos a primeira aula show para o mês e abril de 2004. Com a minha experiência neste tipo de evento (4 anos dando aulas show no maior shopping da América Latina: o Shopping Parque D. Pedro, onde atraí quase 2.000 pessoas para assitirem minhas apresentações), resolvemos investir nessa receita. E...deu certo. Deu muito certo. Mas essa engraçada história eu vou contar depois.......

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A HISTÓRIA DO ESPAÇO HÍPICA GOURMET DA SHC - 1ª PARTE

A partir de hoje, vou postar, sob o meu ponto de vista, a história do ESPAÇO HÍPICA GOURMET da SOCIEDADE HÍPICA DE CAMPINAS. Como um de seus fundadores e por muito tempo seu principal coordenador, sinto-me a vontade para relatar esta história.
Pois bem. Vou começar por dar nome aos bois.
O principal personagem desta fantástica criação.
Em meados do ano de 2003, o então presidente do clube, meu ilustre amigo RAUL TEIXEIRA PENTEADO FILHO, após ter participado de uma convenção nacional de presidentes de clubes sociais, apresentou a vários amantes da gastronômia que frequentavam o clube nesta época a idéia de criarmos um espaço voltado para a explocação da arte da gastronomia visando o convívio sócial entre todos o apaixonados pela arte de cozinhar.
Em junho deste mesmo ano, lançou a pedra fundamental desta idéia num coquetel na sede social do clube. Fizeram parte da comissão instaladora além de mim os amigos: FRANCISCO ARTHUR DE QUEIROS MAIS, MARCOS PEREIRA DE MAGALHÃES, CELSO PRIMI, RICARDO CLETO GIUGNI, CLÁUDIO LEVI BRAGANTE, VITOR TRABULSI, MIGUEL KALAF, AVILMAR MARTINS, CARLOS ALBERTO FERREIRA JORGE, RICARDO AFFONSO FERREIRA, JUAREZ CINTRA PEREIRA FILHO, EMÍLIO OLMOS e MAURO SCHWARTZMANN.

DIA DO CHEF DE COZINHA - 13 de maio

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta da sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e dominar o fogo. Já o ofício de cozinheiro, não se sabe exatamente quando surgiu, mas relatos de suntuosos banquetes na corte da Mesopotâmia por volta de 3000 a.C., por exemplo, confirmam que essa é uma profissão antiqüíssima e, também, mostram que a comida sempre foi um importante elemento nas relações sociais e de poder. Justamente por isso, os cozinheiros, que através de sua arte, contribuíam para o aumento do prestígio e do poder daqueles a quem serviam, acabavam por conquistar, eles próprios, prestígio e regalias que os distinguiam entre os seus pares. Assim, portanto, não é de hoje que ser chef de cozinha é algo glamoroso e muito desejado. Mas, a História, e as estórias, tendem a privilegiar o lado mais reluzente das trajetórias, relegando a um segundo plano as pedras do caminho. É verdade que a profissão de cozinheiro pode trazer prestígio e fortuna, temos muitos exemplos disso tanto no passado quanto no presente. Mas, como acontece nos esportes, para cada Ronaldo Fenômeno, existem milhares de jogadores de futebol absolutamente anônimos, muitos deles mal conseguindo sobreviver da profissão. O que os move é a paixão pela bola, o gostar de jogar futebol. Na cozinha não é diferente, muito pelo contrário. Ao escolher a profissão de cozinheiro é preciso ter em mente que se trata de uma carreira que, como no exército, possui graus hierárquicos a serem conquistados e que, para se atingir o topo dessa hierarquia, é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e, sobretudo, gostar do que se faz - e gostar muito. Mesmo, assim, isso não basta. É preciso, ainda, possuir características como criatividade, espírito de liderança, organização, capacidade de ensinar, ousadia e muita personalidade para se chegar lá. Nem todo soldado se torna general. Nem todo cozinheiro chega a chef de cozinha. Não há curso que substitua a prática "de campo" nem pro soldado nem pro cozinheiro. Mas, como no exército, cada elemento tem seu papel e sua importância dentro do grupo e sem o trabalho de todos não há resultado possível. Hoje, no Brasil, a gastronomia vive um momento efervescente. Ao longo das últimas duas décadas, o cenário gastronômico nacional se transformou completamente. A mudança mais sensível, e que serviu de mola propulsora para todas as outras, foi, justamente, a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de chefs estrangeiros no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da Associação Brasileira da Alta Gastronomia - ABAGA, em 1995, cujo empenho, desde o início, embasou-se em dois pilares complementares, a formação e a valorização do profissional da cozinha (saiba mais sobre a atuação da ABAGA no box abaixo). E foi justamente, por iniciativa da ABAGA e de outras entidades do setor que, desde 1999, por projeto do Vereador Carneiro (Prona), aprovado pela Câmara Municipal, 13 de maio é a data oficial comemorativa do Dia do Chef de Cozinha na cidade de São Paulo. Uma justa homenagem da sociedade paulistana a essa categoria profissional que ajudou a que nos tornássemos uma das Capitais Mundiais da Gastronomia.
Matéria elaborada por Virgínia Brandão http://www.correiogourmand.com.br/

quarta-feira, 6 de maio de 2009

1º FESTIVAL INTERNACIONAL DA LEITURA DE CAMPINAS

Foi realizado em Campinas o 1º Festival Internacional da Leitura de Campinas resultado de uma parceria entre a Unicamp, através da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) e a Prefeitura Municipal Campinas , o 1º Filc http://www.filc.com.br/ foi realizado no período de 18 a 26 de aबरil, na Estação Guanabara. Tratou-se do primeiro grande evento nesse formato, onde contou com uma estrutura ligada a estandes das principais editoras do país, além de tendas temáticas onde foram apresentadas desde narrações de histórias, peças infantis, apresentações musicais e uma grande tenda gastronômica onde chefs de cozinha, gourmets e amantes da literatura gastronômica apresentaram suas obras idéias e receitas. Tive a honra de ser convidado pelo Secretário Municipal de Comércio, Industria, Serviços e Turismo, Sr. Sinval Dorigon e pelo Diretor de Turismo, Sr. Fernando Vernier, para ministrar palestra sob a história da literatura gastronômica no Brasil. A partir de hoje, vou compartilhar com todos os amantes da gastronomia os tópicos principais desta palestra.
A HISTORIA DA LITERATURA GASTRONÔMICA NO BRASIL Introdução É muito provável que na bagagem que a Família Real portuguesa trouxe na viagem para o Brasil, em 1808, o livro Arte de Cozinha, de Domingos Rodrigues. Todavia, no processo de mudança para o Rio de Janeiro, vários caixotes de livros ficaram abandonados no Porto. Muito tempo depois voltaram a Portugal para, em seguida, serem repatriados para o Brasil. Assim, não se sabe ao certo como ele chegou, mas é correto afirmar que influenciou de forma substanciosa a história da gastronomia brasileira. Primeiro, porque o livro de Rodrigues inaugurou as publicações de cozinha escritas em língua portuguesa, isso em 1680, quando todas as nobres casas da Espanha, França e Inglaterra já exibiam seus livros e cozinheiros famosos. E, nessa época, o poder não emanava apenas das armas e esquadras marítimas, mas também da mesa. Segundo, porque Domingos Rodrigues trazia consigo uma nova forma de preparar os alimentos e de servi-los, dando à mesa portuguesa um tom moderno e uma mistura saudável de práticas adotadas em outros países. O livro, Arte de Cozinha, narra, em meio a cardápios e sugestões do chef muitas histórias sobre a mesa real brasileira que se estendeu pelas casas abastadas do Rio do de Janeiro, e logo, por todo o País, no tempo da realeza. O português Domingos Rodrigues sabia, séculos antes do antropólogo Claude Lévi-Strauss, que a cozinha fala uma "linguagem universal" e o paladar é um sentido a ser explorado. Não à toa, portanto, o cozinheiro foi buscar entre ameríndios e negros alguns sabores para incrementar seus pratos. E, sem nenhuma ressalva, apresenta sopas à italiana, frangos e perdizes à francesa e empadas inglesas. As guerras por tronos e terras nunca impediram que os alimentos entrassem no reino uns dos outros e se estabelecessem. Por isso, nem soa estranho que, enquanto Portugal fugia da fúria de Napoleão Bonaparte, Domingos Rodrigues trouxesse à mesa portuguesa a inovação do serviço à francesa: os alimentos passaram a ser apresentados todos de uma só vez e o nobre escolhia qual deles servir-se. Antes, os pratos eram servidos um por um, num entra-e-sai de escravos da sala que não tinha fim. A transferência da corte portuguesa, em 1808, marcou substancialmente os hábitos alimentares do Brasil. A frota, que partiu de Lisboa devido às ameaças da França, reunia uma população de 15 mil pessoas, acompanhando a rainha D Maria I, o príncipe regente D. João VI e D. Carlota Joaquina. Segundo a história, a família real não saiu às pressas de Portugal, mas houve um planejamento. Através de pesquisas sobre a Biblioteca Real, sabe-se que D. João tinha a esperança de resolver as diferenças com Napoleão. Por isso, teve tempo suficiente para preparar sua mudança e instaurar a sede da cora portuguesa na colônia brasileira. Por ordem oficial, os comerciantes cederam toda a provisão necessária para abastecer os navios. Foram três meses de viagem, em condições precárias. Sabe-se, através de relatos, da existência de uma boiada na embarcação; e um fato curioso, sem comprovação, é que um boi teria sobrevivido a esta viagem e foi condecorado por D. João com uma medalha, recebendo o direito à ração especial e a proteção de que ninguém o comeria em terra firme. (muitos risos) Segundo a historiadora Ângela de Meneses - no artigo A Gastronomia Portuguesa no Estado do Rio de Janeiro - antes de partir, as caravelas abasteciam-se de água potável em todos os portos portugueses, ocasião em que subiam a bordo animais vivos (galinhas, bois e porcos) para fornecimento de leite e ovos. O cálculo das provisões baseava-se em cada grupo de 31 homens a quem cabiam: 707 quilos de biscoito; 331 quilos de carne; 1460 litros de vinho; 31 litros de azeite, 62 litros de vinagre e 77 unidades de pescada. A família imperial trouxe nesta mudança o acervo de sua Biblioteca Real, que reunia doações de vários reinos da Europa, que em 1755 havia sido destruída por uma seqüência trágica de terremoto, maremoto e incêndio. Na época, Portugal era o único reino que não tinha biblioteca. Os livros que compuseram a reconstrução do acervo traziam carimbos, marcas de propriedade e colecionionismo. Entre as doações, havia obras dedicadas à culinária como receituários e manuais de serviço à mesa, elaboração de cardápios e regras de etiqueta. Alguns desses exemplares estão disponíveis na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional. Entre eles, a Arte de Cozinha, de Domingos Rodrigues, publicado em Lisboa, no ano de 1794. Nesta obra, cuja primeira edição é de 1680, figura a receita que um século mais tarde seria apresentada ao mundo pelos ingleses como beefsteak, ou seja, o bife de carne bovina servido com batatas fritas. Outra obra é De natura rerum [et] arte coquendi libri X, de Platina, publicada em Paris, em 1530, o mais antigo texto conhecido sobre Gastronomia. Destaque também para [...] delll arte del cucinare de Bortolomeo Scappi, publicada em Veneza, em 1643. Scappi ganhou renome como organizador de um triunfal banquete em honra de Carlos V, em 1536. Foi cozinheiro do Papa Paulo III (1468-1549), conhecido como “o Papa do vinho” – que além de ser atendido por um dos maiores cozinheiros de então, contava com os serviços de um sommelier. A obra, cuja primeira edição é de 1570, é considerada um dos mais importantes livros de gastronomia, que documenta as práticas renascentistas de cozinha, com ênfase para seu aspecto científico. Um dos aspectos significativos é que antes da transferência da corte, o Brasil não tinha acesso a livros, pois não era permitido nenhum tipo de título impresso, a não ser por contrabando. Foi em 13 de maio de 1808 que a tipografia se instalou no país, logo após a chegada da família real. Nessa época, D. João permitia que a biblioteca fosse consultada, mediante autorização prévia. Oficialmente, a literatura gastronômica também chegou ao Brasil a partir desta época, influenciando as trocas com a culinária nacional. Um dos livros mais requisitados era a enciclopédia francesa, que trazia inúmeras orientações sobre culinária. Através deste material é possível reconstruir ambientes, hábitos e costumes. Com todas as facilidades que temos na cozinha e toda a tecnologia, poder reproduzir estas receitas anunciam um encantamento. Isto sem perder de vista a memória registrada neste tipo de literatura que ganhou fôlego a partir do século XIX, quando o conceito de gastronomia, da distinção e do gosto foi amplamente difundido através de literatura especializada. Passeando pelas receitas é possível encontrar pratos como Torta de Limão, Torta de Marmelo, Manjar Branco, Empadas recheadas com atum ou lampreia, Bolinho de Vento e receitas curiosas como a do sorvete que leva açúcar, almíscar e âmbar. Além de recomendações de cardápios mensais, levando em consideração frutas e legumes da época. Esse breve passeio literário-gastronômico a partir da chegada da corte, chama a atenção para a importância da imprensa escrita na formação dos hábitos alimentares do país. E é um convite para buscar, através de livros, subsídios a fim de valorizar as cozinhas regionais. A corte ofereceu ao Brasil um banquete de palavras que ganharam um novo sabor ao serem incorporadas aos sabores locais. Breve voltarei ao assunto e trarei fotos.
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